Certa feita, um juiz, no intervalo de uma audiência, amável, resolveu puxar uma prosa:
— Doutor, uma curiosidade, como é saber a verdade sobre uma conduta criminosa e vir a uma audiência sustentar o impossível?
Claramente me chamou de mentiroso, entretanto, nem me despenteei, olhando de soslaio, com a cara mais jocosa que tinha para o momento, falei com um sorriso gaiato de canto de boca:
— Excelência, se já tem esse conceito, irá aplicá-lo também em sua decisão, logo, estamos aqui a encenar, fingir um devido processo legal… Somos atores de um enredo mentiroso! Fazemos de conta!
O magistrado engoliu o resto de café num só gole e não consegui argumentar, saindo de perto à francesa.
Meu cliente foi condenado e consegui reformar a decisão do juiz no tribunal!
O processo criminal é uma grande mentira, e após certa militância na seara afirmo com segurança:
“Do boletim de ocorrência à sentença, o mais verdadeiro no feito é o advogado criminalista!
A bem da verdade, o defendente é um grande gestor de mentiras convenientes!”
*Greg Andrade é advogado.
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